quarta-feira, 6 de julho de 2011

Capítulo 19


19- CASAMENTO SURPRESA


            Desci das escadas me arrastando. Estava com um imenso sono. Na noite anterior eu havia assistido filme de terror, no qual o vilão era um psicopata, então não consegui dormir direito.
            Já era o mês de março.
            A ideia de meu pai sobre a enfermeira na casa de Alex dera certo, pelo menos durante aquele tempo. Não voltei a ver Suzana, o que me deixava preocupada. Sempre que ela sumia desta forma era porque algo não dera certo e que precisava de um tempo para outro plano.
            Estava atravessando a sala em direção à cozinha quando avistei um envelope rosa em cima da mesa de centro. Parecia um convite de casamento. Eu teria ignorado se não fosse os nomes em letras destacadas me chamarem a atenção:

Luiz Pierce   &    Gabrielli Bittencourt

            Parei automaticamente no lugar em que estava. Peguei o convite de cima da mesa e comecei a analisá-lo.
            Era rosa por fora, possuía um laço azul fechando. Do lado de dentro as letras eram lilases.
            Meus olhos quase saltavam por cima do convite a minha frente. Desde quando Gabi e Luiz pensavam em se casar? Lembrava de dar a ideia a Luiz, mas não de eles levarem tão a sério a ponto de se casarem sem que eu soubesse antes.

Danilo Fernando Pierce          Renan Dias Bittencourt
Paula Stevenson Pierce                Amanda Bittencourt

Convidam para o casamento de seus filhos:

Luiz Pierce & Gabrielli Bittencourt

A realizar-se no dia vinte e cinco de março, às dezenove horas, no Salão de Festas de Alphaville, 2000, Alphaville, Barueri – SP.

            Calculei mentalmente em que dia estávamos. Era dia vinte e três de março. Ou seja, eles se casariam a dali dois dias?
            Junto ao convite havia um pequeno bilhete escrito à mão. Não era a letra de Gabi, nunca havia visto aquela letra:

            Bia,
     Sei que está um pouco em cima da hora para lhe fazer este convite. Gabi e eu decidimos casar assim de última hora porque ela tem apenas esta semana para visitar o Brasil e também porque acha que o irmão está precisando de uma distração. Quero convidar você e Alex para serem meus padrinhos. Topam?

                                          Beijos, Luiz.

            Outra coisa na qual eu não esperava: ser a madrinha de casamento de Luiz. Realmente estava surpresa.
            Devolvi o convite à mesa e voltei a me arrastar para a cozinha. Carla se encontrava batendo um bolo, enquanto a empregada preparava meu café da manhã.
            - Quem entregou este convite? – perguntei, sentando-me ao redor da mesa e me servindo do que a empregada fizera.
            - O chofer dos Pierce. Ele entregou a mais ou menos duas horas atrás, quando você estava dormindo.
            - Você já sabia que eles iam se casar?
            - Ninguém sabia. É como se fosse um casamento surpresa.
            - Bem a cara da Gabi.
            Terminei de comer e voltei ao meu quarto. Troquei de roupa, decidida a ir até os Pierce. Entrei em meu BMW e saí rumo a maior mansão, ainda habitada, de Alphaville.
            Estacionei em frente à casa de Luiz. Precisei tocar a campainha várias vezes até um dos empregados abrir. Encontrei Paula na sala de visitas.
            - Ah! Oi Bia! – ela parecia feliz ao me ver.
            - Olá Paula. Luiz está aí?
            - Está sim. Pode ir lá em cima, no quarto dele. Ele está dando os últimos ajustes no terno.
            Assenti. Subi os dois lances de escadas que dava ao terceiro andar, onde ficava o quarto de Luiz. Deparei-me com o quarto apinhado de pessoas desconhecidas. Luiz estava em cima de um banquinho, rodeado por moças com agulhas e fitas métricas na mão.
            - Bia! – ele acenou para que eu aproximasse.
            Ele experimentava um lindo terno preto. Os cabelos estavam inteiramente desordenados.
            - Não esperava te ver aqui agora.
            - Vim me certificar de que realmente haveria um casamento, mas estou vendo que sim. – falei – Agora preciso ter certeza do bilhete que você me mandou. Está falando sério?
            - Ah! O bilhete sobre você e Alex serem meus padrinhos? Sei que deveria ter feito o pedido mais decentemente, mas é que estou sem tempo.
            - Por que resolveram se casar tão em cima da hora?
            - Não é em cima da hora. Estamos planejando há algum tempo já, mas a Gabi queria que fosse surpresa.
            - Estou realmente surpresa. – falei com sarcasmo – Tão surpresa que não tenho nem vestido, muito menos tempo para encomendar um.
            - Isso já está resolvido. – ele declarou, saindo do banquinho e andado até a escrivaninha.
            Luiz pegou uma caixa branca grande de cima da escrivaninha, andou até mim e me entregou.
            - Gabi já providenciou isto.
            Peguei a caixa. Coloquei-a em cima da cama ao meu lado e abri. Havia um vestido azul-escuro dobrado.
            - Quem além da Bi conhece suas medidas melhor do que você mesma?
            - Ninguém. – respondi, analisando maravilhada o vestido desenhado por Gabrielli Bittencourt, minha estilista favorita.
            - O smoking do Alex está naquela caixa preta. – ele indicou outra caixa ao lado do seu computador.
            Peguei-a e coloquei debaixo do braço, junto com a minha.
            - E quando a Gabi vem para o Brasil? – perguntei.
            - Já deve estar chegando. – ele respondeu, voltando para o banquinho onde as mulheres o esperavam.
            - Então vou indo embora. Tenho coisas a resolver antes do casamento.
            Despedi de Luiz. Encontrei Paula a meio caminho da porta. Ela carregava várias flores e caixas. Despedi-me dela também e depois saí.
            Estava preste a entrar no gramado de casa quando decidi ir até a casa de Alex. Primeiro para entregar o smoking e segundo porque estava louca para encontrá-lo.
            Deixei meu carro na entrada dos Bittencourt. A porta já estava aberta, então entrei sem bater.
            Encontrei Alex conversando com uma garota na sala de estar. Ela tinha os cabelos castanho-claros, ondulados e uma estatura não muito grande. Foi apenas o que pude ver, pois ela estava de costa.
            Seria alguém irreconhecível, se não usasse uma roupa diferente. No estilo inglês.
            - Gabi! – arfei.
            Ela virou-se para mim com um sorriso extremamente largo. Larguei as caixas em cima do sofá para poder abraçá-la.
            - Recebeu o convite? – ela perguntou depois do nosso abraço-de-urso.
            - Recebi sim e achei-o a sua cara. O que está pensando com um casamento surpresa?
            - Sei lá! Veio-me a cabeça, e como sou impulsiva, fiz! – ela deu de ombros como se desculpasse.
            - Odeio quando a Gabi está aqui. – Alex falou atrás de nós.
            Viramos para encará-lo. A boca de Gabi se escancarava de frustração.
            - Você sempre rouba Bia de mim. – ele completou a frase.
            Senti meu rosto corar. Ele veio andando até mim, passou os braços por trás das minhas costas e nossos lábios foram se tocando aos poucos.
            Desde o mês passado nossos beijos, encontros, toques e olhares não eram mais os mesmos. Tornaram-se mais intensos e frequentes.
            - Eca! – Gabi protestou – Vocês estão mais nojentos e melosos do que antes. Estou me retirando.
            Foi impossível não rir.

            Realmente a ideia de Gabrielli em se casar de surpresa estava deixando todos loucos. Principalmente eu. Faltavam apenas duas horas para o início do casamento e meu cabelo ainda parecia um monte de feno.
            O cabeleireiro de minha mãe estava pronto para fazer lindos cachos em meus cabelos quando ficou sabendo que estávamos em cima da hora. Então ele decidiu fazer um coque elegante.
            Carla também se encontrava extremamente atrasada. Estava marcado dela e Roberto nos levarem à igreja trinta minutos antes do início do casamento, mas Roberto ficara preso no trânsito e ela não encontrava em parte alguma a chave do carro que Paulo a deixara.
            Alex me ligava de vinte em vinte minutos perguntando se eu já estava pronta. Ele sempre me falava nas ligações que Gabi já estava arrumada e que eu era a única atrasada, o que me deixava mais nervosa.
            O cabeleireiro fez um coque elegante e encheu meu cabelo de arcos com pedras azuis. No começo achei que era apenas uma simples pedra, até a hora de pagar. O preço saiu estranhamente caro.
            - O que você fez no meu cabelo? Banhou-o com ouro?
            - Essas pedras são Lápis-lazúli. – o rapaz respondeu.
            Se eu não estivesse atrasada teria pedido para ele tirar, porém não protestei e paguei o que me cobrara.
            Pedi ajuda a Carla para abotoar o vestido. Complicado mesmo foi colocá-lo sem esbarrar em meu penteado.
            Roberto conseguira chegar em tempo de nos levar. Alex já se encontrava em casa.
            Fomos de Lamborghini Murcielago amarelo. Roberto realmente abusara do velocímetro. Conseguimos chegar com tempo de sobra.
            Do lado de fora já era possível ver a igreja lotada. Luiz andava de um lado para o outro na escadaria da igreja. Os fotógrafos o cercavam, até nos ver chegan-do.
            - Gabi vai amar essa atenção. – Alex falou.
            - A cara dela. – ri.
            Descemos do carro e os fotógrafos fecharam completamente o nosso caminho. Os jorros de flashes foram insuportáveis.
            Luiz irrompeu por entre o tumulto e nos tirou de lá. Seu rosto estava pálido, suas mãos geladas, embora suavam. Ele tremia mais do que era aceitável para um noivo de primeira viagem.
            - Só faltavam vocês para podermos começar a entrada. – ele declarou.
            Luiz se posicionou com Paula – completamente elegante – para entrar na igreja. Alex e eu ficamos logo atrás. Max se encontrava sucessor a nós, com uma garota que eu não conhecia. No final estavam os dois casais padrinhos de Gabi. Nenhum deles era meu conhecido.
            Uma música lenta começou a tocar, então Luiz e Paula entraram lentamente. Ficamos parados esperando ele alcançar o centro da igreja para podermos fazer a nossa entrada também.
            Tentei ao máximo não olhar para o lado na hora de atravessar a multidão que nos assistia. Paramos do lado esquerdo da igreja, enquanto os padrinhos de Gabi iam para o lado direito.
            - Agora é aquele momento em que a noiva se atrasa. – Alex comentou em meu ouvido.
            Luiz parou em frente ao altar. Ele esfregava as mãos sem parar. Parecia realmente nervoso.
            Amanda surgiu por entre as pessoas e foi até Luiz. Pela expressão dele, Gabi havia chegado. Todos se preparam.
            A marcha nupcial começou tocar e as portas da igreja foram reabertas, agora com Renan atrás dela e uma linda mulher de branco.
            Sempre achara Gabrielli linda, mas nunca me lembrava de tê-la vista mais bela do que como estava naquele dia. O vestido era branco e completamente longo. O cabelo estava em perfeitos cachos. E a maquiagem mostrava-se impecável.
            O noivo passou a fitá-la com emoção transbordando dos olhos. Mas Amanda parecia ainda mais emocionada, pois seus olhos não se continham de lágrimas.
            Ela e Renan atravessavam a igreja lentamente. Parecia que ela havia ganhado mais alguns metros de comprimento.
            Quando Gabi finalmente chegou ao altar Renan a soltou e entregou sua mão a Luiz. Eles falaram algo, sem dúvidas as tradicionais palavras: “Cuide bem dela” e “Pode deixar”. Os noivos terminaram a caminhada até o padre e a cerimônia se iniciou.
            Lindo mesmo foi a entrega das alianças. Foi uma prima de Luiz, de apenas dois anos, que entregou.
            Eles fizeram as juras e trocaram as alianças. Gabi já começava a jorrar lágrimas.
            Aos poucos a cerimônia foi chegando ao seu fim. Houve a hora de os padrinhos assinarem e as palavras finais do padre. E tudo se finalizou com o beijo entre Gabrielli e Luiz.
            Eu chorava mais do que imaginava. Nunca havia chorado em um casamento.
            A saída foi tão linda quanto a entrada. Os noivos foram à frente enquanto nós, padrinhos, os seguiam. Eles receberam os cumprimentos, depois entraram na limousine que os levariam para o salão de festas.
            Eu e Alex voltamos para o carro de Roberto e também fomos até o salão.
            Tentei imaginar como é que estava a decoração da festa. Se fosse Gabi a decoradora, então estava realmente de arrasar. Mas era óbvio que desta vez ela teve de pagar alguém para fazer o serviço.
            Roberto estacionou na área VIP do lugar, afinal ele era um dos patrocinado-res do salão. Já era possível ouvir do lado de fora a música alta que vinha de dentro.
            Entramos para o imenso local iluminado e decorado de branco. Gabi e Luiz não se encontravam em local nenhum, isso significava que fariam outra linda entrada. Havia várias mesas espalhadas e uma pista de dança com um DJ bem ao centro.
            Nos sentamos enquanto os outros convidados chegavam. Aos poucos o lugar ficou lotado, com murmúrios vindo de todos os cantos.
            Percebi Alex começar a se agitar a minha frente. Lembrei que aquele era o horário em que ele sentia a falta da droga.
            - Quer ir embora? – perguntei.
            Ele apenas negou com a cabeça.
            A música agitada parou e uma mais calma começou a tocar. Só notei que os noivos estavam entrando por causa das pessoas se levantando. Também levantei e comecei apreciar o quão lindos os noivos estavam.
            Alex permaneceu sentado. Ele flexionava as mãos suadas e balançava as pernas inquietas.
            Luiz e Gabi entraram lentamente. A prima de Luiz, que levara as alianças, ia à frente com uma caixa cheia de pétalas de rosas. Gabi ainda chorava bastante, enquanto Luiz sorria cheio de orgulho.
            Eles se direcionaram a mesa de bolo e doces. Várias pessoas ficaram a volta para tirar fotos, enquanto os dois faziam poses.
            Voltamos a nos sentar. Alex continuava agitado, o que me deixava cada vez mais preocupada.
            - A enfermeira disse que quando você se sentir assim é para comer ou beber algo que disfarce. – falei para ele.
            - Então vamos beber! – Roberto levantou animado da mesa.
            - O quê? – minha mãe encarou-o.
            - Quer melhor distração do que ficar bêbado? Garanto que você ficará melhor, Alex.
            Alex também se levantou.
            - Está corretíssimo. – ele falou.
            Os dois começaram a se dirigir para o bar que havia em um canto do salão. Roberto não se continha de felicidade por ter um parceiro de bebida.
            - Não está certo levar Alex para este caminho. – Carla choramingou.
            - É a melhor coisa que o distrai – respondi – Quer que ele continue no outro caminho que é bem pior?
            Ela negou com a cabeça.
            A música animada voltou a tocar e várias pessoas começaram a se dirigir para a pista de dança.
            Resolvi que precisava cumprimentar os noivos. Levantei a comecei a andar em meio às pessoas. Difícil mesmo foi passar pelos fotógrafos, só quando Gabi pediu que eles me dessem licença para passar foi que consegui chegar até eles.
            Abracei-a como nunca. Era possível ver através do seu olhar o quão feliz estava.
            - Você está linda, Gabi. – falei.
            - Ah! Obrigada, chuchu! É o dia mais feliz da minha vida.
            - Da para ver pelo seu sorriso. Está tão radiante.
            - Tudo isso por causa do marido lindo que ela tem agora. – Luiz cochichou para nós.
            Gabi lhe deu um tapa e rimos.
            Também abracei Luiz, que me agradecia veementemente por um dia ter lhe dado a ideia de pedir sua atual esposa em casamento.
            Voltei para a mesa em que somente Carla estava sentada, ou eu pensava isso. Encontrei Paulo Ricardo sentado conversando com ela. Resolvi ver qual era o assunto, pois desde que se separaram os assuntos entre eles eram só sobre mim. Sentei ao lado dos dois.
            - O que faz aqui, pai? – perguntei.
            - Estou apenas perguntando a sua mãe como você anda se comportando. – Paulo respondeu – Ela me disse que você voltou a marcar o asfalto com o pneu do carro.
            - Vocês só se reúnem para fazer fofocas. – resmunguei – Ninguém mandou me dar um carro que corre bastante.
            - Não seja por isso, posso pegá-lo de volta.
            - Nem sonhando. – quase gritei.
            Vi Max passar por mim e ir à direção de Alex. Passaria-me despercebido se ele não tivesse com uma expressão maliciosa. Decidi prestar atenção.
            Ele parou do lado oposto ao que Roberto estava de Alex, pediu algo para beber e começou a falar algo. Alguns segundos depois Max apontou para um grupo de meninas que estavam do outro lado do salão. Alex negou e voltou a falar com Roberto. Max saiu decepcionado.
            Decidi sair daquela conversa sobre mim. Levantei a comecei a andar na direção de Alex. Estava realmente curiosa para saber o que Max falara a ele.
            Quando estava próxima de Alex fui barrada por Rodrigo. Estava tão acostumada a isso acontecer no passado, que estranhei não ver seus capangas fazendo o mesmo.
            - O que está fazendo aqui? – perguntei.
            Pelo que eu me lembrava, Rodrigo não era muito bem recebido pelos Bittencourt. Estar na festa de casamento da irmã de Alex parecia cara-de-pau.
            - Fui convidado. – ele fez tom de ofendido.
            - Por quem? Pelo Roberto? O patrocinador do salão?
            - Não! Pela própria noiva! – agora realmente ele estava ofendido.
            - Impressionante. – murmurei – Curta a festa!
            Estava andando para sair de seu lado quando senti uma mão apertar meu braço. Rodrigo me segurava para não sair de perto dele.
            - Podemos conversar um pouco? – ele pediu.
            Voltei alguns passos para ficar de frente para ele. Observei, ao longe, Alex me olhar desconfiado.
            - Podemos sim. – respondi.
            - Fiquei sabendo que Alex está envolvido em drogas...
            - Estava – interrompi.
            - Certo, estava. Então, soube disso, queria saber se você vai continuar namorando ele mesmo assim.
            - Por que não continuaria? – perguntei.
            - Não sei. Você terminou comigo com tanta facilidade, foi necessário apenas algumas crises de ciúmes e nosso namoro se acabou. Por que com ele está sendo tão diferente? Ele já fez tanta burrice.
            Aproximei-me dele.
            - Rodrigo, eu gosto do Alex a ponto de aceitar os seus problemas. Até os seus defeitos me atraem. Claro que fico abalada com isso, mas se começarmos a terminar em todas as barreiras que surgirem é certeza que nosso amor não é tão verdadeiro.
            - Então você realmente não gostava de mim?
            - Já disse que o que sempre senti por você foi fraternal, um amor de irmãos. Nunca te amei a ponto e aguentar todos os seus defeitos.
            - Não existe nada que te faça deixar de amá-lo? – ele parecia implorar por uma resposta afirmativa.
            - Desculpe, Rodrigo, mas não vejo nada capaz de fazer algo tão intenso se desfazer.
            - Acho que finalmente minha ficha caiu. – ele fungou – Você nunca vai ser minha. Você jamais me amou.
            - Eu te amo, Rodrigo, – toquei seu rosto – mas não é o suficiente para deixar de amar o Alex. O amor que sinto por você é fraternal.
            - Por favor, me descreva o que você sente pelo Alex. – ele também tocou meu rosto.
            - Não consigo descrever. É como se eu visse na minha frente à pessoa mais perfeita do mundo. Ele me faz sentir viva, completa. Com ele eu encontro o mundo em que pensava não existir. É o meu mundo.
            - É o que sinto por você.
            Abri a boca para falar, mas fechei-a no instante em que vi que não havia nada a ser dito.
            Rodrigo me envolveu com seus braços e me apertou em seu abraço. Apenas retribuí.
            - OK. – ele suspirou – Desisto de você, Bia. Vejo que, apesar de tudo, você está feliz. Mas se um dia você me quiser, mesmo que eu esteja casado, é só falar que volto correndo.
            Um nó imenso apertou minha garganta. Pude somente apertar mais seu abraço.
            Ele se afastou e começou a andar para longe de mim. Fiquei parada vendo suas costas sumir em meio às pessoas. Puxei uma cadeira próxima e sentei, minhas pernas tremiam.
            Senti algo se manifestar em meu estômago, porém imediatamente parou.
            Alex começou a andar em minha direção. Sua expressão continuava parecendo desconfiada.
            - Está tudo bem com você? – ele perguntou, ajoelhando-se ao meu lado.
            - Está sim, pode ir se divertir.
            Ele assentiu e foi em direção de onde estava Max.
            Levantei-me para pegar alguma bebida. Estava andando tranquilamente quando fui barrada outra vez. Levantei meus olhos e me deparei com Suzana Winter olhando para mim.
            - O que faz aqui? – perguntei.
            - Fui convidada. Gabi achou que seria melhor chamar todos os amigos de Alex para a festa e, você aceitando ou não, sou amiga dele, Bia. De novo.
            Ela sussurrou as duas últimas palavras em minha orelha. Um ódio começou a emanar de dentro de mim. Estava pronta para lhe dar um grande tapa quando tudo oscilou ao meu redor.
            Vi as paredes de repente se moverem, Suzana parecia girar na minha frente. Uma tontura imensa pairou sobre mim. Estiquei meu braço para me apoiar na garota, para assim não cair.
            - O que você tem? – a voz de Suzana soou estranha para mim.
            Além da tontura, uma fraqueza começou a me empurrar para o chão. Suzana me segurou antes que eu caísse.
            - Alex! – ouvi-a gritar – A última coisa que preciso agora é que você passe mal e estrague tudo. – ela falou só para mim.
            O rosto de Alex surgiu por cima de mim. Ele me olhava de um jeito assustado. Roberto estava ao seu lado.
            - Ela está com a pressão baixa. – ele falou.
            Roberto saiu e em segundos voltou com uma colher carregando algo branco. Ele colocou embaixo de minha língua. Era salgado. Aos poucos vi tudo voltar ao normal.
            - Se sente melhor? – Roberto perguntou.
            Assenti para os olhares ansiosos de Roberto, Alex e Suzana.
            - O que foi isso? – Alex perguntou enquanto eu via Suzana se afastar de nós e sumir pela multidão.
            - Não sei. – respondi.
            - É melhor ela comer algo, Alex – Roberto falou.
            - Os convidados já estão se servindo, vou pegar um prato com comida para ela. – ele respondeu.
            Alex sumiu enquanto eu voltava a me sentar.
            - Que sensação estranha. – falei.
            - Já sentiu isso antes? – Roberto perguntou.
            - Nunca.
            Alex voltou com um prato na mão. Estava com fome, até o momento que senti o cheiro da comida. Ela me incomodou como nunca. O cheiro parecia estar intragável.
            Meu estomago voltou a se agitar, desta vez sem volta. Tive de sair correndo em busca do banheiro feminino. Na correria, empurrei Alex e Roberto.
            Vomitei pouco, mas o suficiente para me fazer sentir melhor. Lavei a boca e saí do banheiro. Alex me esperava na porta, a expressão urgente.
            - O que você tem? – ele perguntou preocupado.
            - Acho que estou doente. – respondi.

 Comentem o capítulo ali embaixo!

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