15- AS TRÊS VISÕES DA DROGA
Narração de Rodrigo Valentyne
Rolei para o outro lado da cama. Estava exausto, mas sem sono. Eram oito horas da manhã. Suzana dormia pesadamente ao meu lado.
Comecei a pensar em minha vida enquanto ela não acordava. Na verdade, na minha semivida. Desde que Bia me deixou e que aquela psicopata apareceu eu não vivia, apenas perambulava por aí.
Virei-me para o outro lado.
- Tem formiga aí? – Suzana perguntou com sua voz de Gisele.
- Estou intrigado. – respondi.
Ela virou para meu lado, apoiou a cabeça em uma das mãos e com a outra puxou o cobertor.
- Com o quê?
- Por que o Alex não passa uma impressão de drogado?... Quer dizer... Ele não está sempre de olhos vermelhos, expressão cansada, distração e necessidade o tempo todo.
- Porque a droga que ele usa é o ecstasy, não maconha ou cocaína. O ecstasy tem efeitos lentos, quase imperceptíveis, por isso muitos pensam que essa droga é inofensiva. Na verdade, ela, se misturada com outra substância, mata!
- E não tem medo dele misturá-la com alguma substância?
- Ele não bebe, não fuma e nem é usuário de outras drogas, então não!
- Então como a Bia vai perceber que o namorado é um drogado se ele não expressa efeito?
- Ele fica sem necessitar da droga por mais ou menos doze horas, e quando se completa este tempo o usuário entra em desespero. Como o ecstasy é a droga do prazer, Alex fica excitado e qualquer coisa relacionada a prazer vai atraí-lo.
- Ainda não entendi.
- Ai que burrice!
Ela levantou subitamente e ficou sentada na cama, a mão esfregava o rosto.
- Presta atenção: O corpo da Bia pode proporcionar prazer para Alex, então isso o fará ficar agarrando-a e necessitando muito de sua presença, com o tempo essa aproximação demais vai acabar revelando o que Alex é.
- E quanto tempo isso pode demorar?
- Não sei, Rodrigo! Dias, semanas, meses, anos? Tanto faz. Desde que dê certo, estou disposta a esperar.
- Mas eu não. – joguei o lençol e fiquei de pé.
- Se quer adiantar as coisas faça tudo melhor! – ela ficou de joelhos e começou a apontar o dedo em meu rosto.
- Melhor como?
- Faça Alex ficar muito necessitado. Se ela notá-lo excitado, depois que ele consumir a droga vai poder se ver a diferença no estado de humor.
“Quando ele carece do ecstasy o corpo fica muito agitado e com fome. Qualquer coisa que possa aliviar a sensação será bem vinda. Mas quando está sob o efeito ele ficará bobão, feliz com tudo, amigo de qualquer estranho e se sentirá completo, sem faltar nada. O problema é depois: após o efeito o corpo fica cansado pelo agito, sem vontade de nada; nem de comer, nem de andar, muito menos de falar; ficará completamente parado”.
- Então tenho que fazer Bia perceber estes três estados?
- Exatamente.
- Então o deixarei necessitado hoje. – respondi enquanto voltava para cama e para Suzana.
Ela me agarrou e me jogou no colchão. Sorri e retribuí.
Narração de Beatriz Vasconsellos.
Era domingo e eu pretendia dormir até bem tarde, mas o celular não deixou. Tocava a cada cinco minutos desde às sete horas da manhã. Na verdade, agradeci quando ele me despertou de um pesadelo: eu via Joni caindo do loop. Já haviam se passado cinco dias desde o acontecido.
Peguei o celular e vi que o número era de Alex.
- Sim? – atendi.
- Amor, vamos sair hoje? Estou disposto a passear e acho que você está merecendo.
Alex não tocava muito no assunto de Joni. Ele não foi ao enterro porque não se sentira bem. Evitava qualquer frase que poderia me fazer lembrar do ocorrido e ficar depressiva outra vez, como fiquei nos dois primeiros dias que voltei.
Nas primeiras 24 horas tranquei-me no quarto e ninguém conseguia me tirar de lá. Abracei-me ao travesseiro e fiquei chorando por um tempo recorde.
Estava completamente depressiva, não conseguia aceitar o fato de Joni ter morrido... E por culpa da psicopata.
Mas lá no fundo eu me culpava. Culpava pelo fato da psicopata ter feito isso só para me atingir; culpava por tê-lo feito entrar naquela prova; culpava por tê-lo feito confiar em mim sem eu ter consciência do tamanho da confiança que carregava.
- Para onde pretende ir? – perguntei.
- Conheço um lugar muito legal. Costumava fazer trilha com Max, Luiz e Gabi por uma mata antes de você me conhecer, é um lugar muito lindo.
- Não é aquele jardim, é?
Há meses atrás Alex me apresentara um lugar que ele adorava. Um jardim rodeado por grama alta, cercado por algumas árvores frutíferas, que ficava no meio de uma selva.
- Não. É muito melhor. Só não te levei lá antes porque havia esquecido o caminho, mas agora Max me deu o mapa que ele tinha e quero te levar para conhecer.
- Vamos sim. – respondi.
Ele comemorou e disse que estaria aqui em alguns minutos.
short jeans e uma das minhas velhas camisetas largas, branca. Amarrei o cabelo em um simples coque e fui tomar café da manhã. Não estava nem um pouco preocupada com a aparência, mas quem ficaria quando estava de luto?
Não demorou muito para o Audi encostar-se ao jardim de casa. Terminei de mordiscar o último pãozinho e saí correndo para o carro. Entrei e o cumprimentei com um beijo.
Alex vestia uma camiseta regata, uma bermuda jeans e um estranho tênis marrom.
- Para que o visual? – perguntei enquanto ele saia com o carro.
- Disse que achei o lugar enquanto fazia trilha, ou seja...
- Iremos fazer trilha. – gemi.
Por sorte eu estava com um tênis Converse preto. Era melhor do que o chinelo de dedo que pensara em calçar.
- Fica muito longe?
- Depende: da sua casa até o início da trilha ou do início da trilha até o final? – ele parecia se divertir com a expressão que fiz.
- Daqui até o início da trilha. – respondi.
- Bem longe.
- E do início da trilha até o final?
- Também bem longe. – ele respondeu em meio à gargalhada.
Fitei-o com chamas nos olhos.
Alex dirigia com calma. Parecia feliz. Mexia com alguns estranhos na rua e ria de situações que não tinha graça alguma.
- Está meio drogado hoje? – perguntei com ironia.
- O quê? – ele ficou tão assustado que freou abruptamente.
- Estou brincando. – também fiquei assustada, mas foi por sua reação.
Ele relaxou e voltou a dirigir como antes, mas agora sem rir e nem mexer com as pessoas. Se eu não o conhecesse bem diria que havia algo suspeito naquele susto.
Liguei o som e coloquei um CD da minha banda favorita. Alex me olhou com reprovação e voltou a rir, o que me fez relaxar. Comecei a cantar alto junto com o cantor.
A viagem de carro foi até animada. Desanimado mesmo foi quando Alex parou o carro em um lugar deserto. Ele estacionou o Audi em um lugar que ninguém que passasse na rua – se é que passava alguém – visse. Pegamos as cordas, mochilas e tudo necessário para uma trilha que estava no porta-malas do carro.
- Está preparada para enfrentar a natureza? – ele perguntou.
- Não. – respondi fazendo beicinho.
- Deixa de ser preguiçosa, Bia. – ele jogou a mochila nas costas e me abraçou. Afundei o rosto em seu peito e tomei fôlego.
- Tudo bem. – me rendi.
Peguei alguns dos equipamentos e entramos na trilha. Alex foi à frente quebrando os galhos e armadilhas que poderia me machucar.
Todo animal que passava a sua frente era motivo de admiração e às vezes até de cumprimento. Realmente ele estava me assustando.
- Estamos chegando? – perguntei quando tive certeza que já havíamos passado de um quilômetro.
- Quase. – Alex respondeu enquanto olhava um esquilo subir por uma árvore. – Este esquilo é bonitinho, não é?
- É só um esquilo, Alex. – respondi com impaciência.
Empurrei-o e continuamos o caminho. O pior momento foi quando ele viu um cervo ao longe e decidiu que o levaria para casa.
- Deixe o cervo, Alex. – falei puxando seu braço.
- Mas é que ele é tão simpático. A Gabi o adoraria.
- Sua mãe te mataria, vamos!
Convenci-o a deixar o pobre animal. Seguimos o caminho. Meu humor se esvaindo a cada passo que dávamos, enquanto o de Alex continuava intacto. Isso era o que me deixava mais intrigada.
Não houve mais nenhuma parada bizarra no meio do caminho. Jurei que se ele o fizesse eu iria embora.
- Está ouvindo? – ele perguntou depois de minutos andando em silêncio.
Já estava pronta para lhe dar um bofete se fosse outro acesso de alegria. Teria feito isso se não fosse o som de uma cachoeira ali perto.
- Chegamos? – perguntei com esperança.
- Chegamos sim. – a resposta quase me fez correr.
Os últimos passos foram quase uma tortura. Meus pés reclamavam como nunca. Estava evitando veementemente pensar que mais tarde teria de fazer todo o trajeto de novo.
Chegamos em um largo rio que desaguava uma imensa cachoeira. Havia enormes paredões de pedra e a grama que rodeava o rio estava baixa e linda. Parecia um lugar de cartão postal.
- Lindo não é? – Alex largou as coisas e inspirou com força.
- Muito! – respondi.
Sentei na grama para poder tirar o tênis. Alex fez o mesmo e também tirou a camiseta.
- Descobrimos este lugar algumas semanas depois que eu e minha família nos mudamos para Alphaville. – ele falou – Encontramos muitos outros lugares bonitos, mas este e aquele jardim foram os que mais me marcaram.
- Por que você não faz mais trilha? – parecia que antes dele começar a me namorar seu esporte era a trilha.
- Era só um passatempo, não algo que eu amava fazer.
Encontrei seus olhos me encarando. Estávamos tão próximos que só um movimento foi preciso para que nossos lábios se tocassem. O beijo foi rápido, mas foi perfeito.
- Sabe, - ele começou a falar – a segunda vez que estive aqui, sentei naquela pedra – ele apontou – e comecei imaginar em como seria te trazer aqui.
- Então faz pouco tempo que você veio aqui. – não foi exatamente uma pergunta.
- Ah faz sim. A segunda vez que estive aqui era na primeira semana de aula no segundo colegial. Cheguei para Max que estava sentado ao meu lado e falei: “Seria maravilhoso estar neste lugar lindo com a garota mais linda que já vi”.
Senti meu rosto esquentar.
- Claro que Max ficou curioso para saber quem era a garota e quando contei que era Beatriz Vasconsellos ele rolou de rir.
- Riu por quê?
- Bia, naquela época era uma piada imaginar alguém de família simples, como eu, com uma garota de família tão rica e importante.
- Para ver como as aparências podem enganar. – toquei seus cabelos claros com uma das minhas mãos.
- Não parecia, já que a garota mais poderosa de Alphaville estava namorando o garoto mais poderoso de Alphaville.
- Vocês não vão me deixar esquecer isto, não é? A Gabi também namora alguém muito importante.
- Que, aliás, é seu primo.
Nós dois rimos com o círculo que se fechou nossa conversa.
Não consegui captar o movimento, quando vi, Alex já estava submerso no rio a nossa frente. Ele voltou à superfície sorrindo.
- Entre aqui. Está uma delícia.
- Estou só com estas roupas, não vou molhá-las. – respondi fazendo beiço, queria muito experimentar aquela água.
- Tem na mochila.
Revirei a mochila e encontrei um pequeno biquíni guardado.
- Onde comprou isto? – perguntei desconfiada.
- Nunca serviu para a Gabi, achei que ficaria legal em você.
Fui até uma árvore grande, onde Alex não me via, e substituí minhas roupas. Depois de trocar corri para o rio e mergulhei perto de onde ele estava. A água estava mesmo uma delícia.
- Quando eu estava em Campinas – falei depois de emergir – minha mãe não quis responder sobre você estar bem, você estava?
- Cl... Claro que estava. – percebi que ele gaguejou.
- Estava mesmo?
- Só fiquei com um pouco de saudade, eles devem ter estranhado porque não costumo ter esses tipos de reações.
- Só um pouco?
Ele submergiu na água sem me responder, segundos depois senti alguém pegando em minha perna. Sem que eu protestasse, ele puxou minha perna por debaixo da água e segurou meu tronco quando era certeza que eu cairia, em uma fração de milésimos quase imperceptíveis já me encontrava sendo carregada por Alex.
- Muito. – ele sussurrou em meu ouvido.
- Estou me sentindo um bebê. – falei em meio à risada que se seguiu após o susto.
- Você é um bebê. Um bebê mimado, chato, irritante e extremamente lindo.
- Sabia que, do jeito que estou agora, se você quisesse poderia me afogar?
- Ideia tentadora. – ele abriu o sorriso torto que me estremecia.
- Não faria...
Antes que eu completasse a frase, Alex ergueu uma sobrancelha e me submergiu no rio. Consegui tomar uma lufada de ar antes de entrar na água. Ele me tirou rapidamente de lá.
- Louco! – gritei e lhe dei um tapa.
Ele começou a rir como um louco e me soltou adequadamente. Não larguei sua mão e o puxei para perto de mim quando paramos de rir. De repente seus olhos trocaram de brilho; saiu do irônico e foi para o sensível.
- Tem ideia do quanto é perfeita? – ele perguntou enquanto colocava uma mecha do meu cabelo molhado atrás da orelha.
- Tem ideia do quanto é perfeito? – perguntei tocando os cantos de sua bochecha.
Nos aproximamos até nossos lábios se tocarem. Ele segurou em minha cintura e me apertou contra seu corpo. Passei as mãos por trás de seu pescoço tentando ficar da sua altura.
Estávamos ofegando quando finalmente nos soltamos. Alex saiu da água e se sentou na mesma pedra em que estávamos antes, também saí e me sentei ao seu lado.
- Estou cansado. – ele falou depois de um suspiro.
- Vamos nos deitar lá. – apontei para um gramado que ficava do outro lado do rio.
Pegamos as coisas e andamos pela margem do rio até o gramado. Alex esticou um pano e se deitou. Larguei tudo ao nosso lado e também me deitei. Encostei a cabeça em seu peito e fiquei acompanhando o ritmo de sua respiração. Fiquei assim por muito tempo até perceber que sua respiração se tornara irregular. Olhei para cima e vi seus olhos fechados.
Passei a admirar as nuvens no céu. Era a única distração que conseguira encontrar.
Tentei também adormecer, mas o sono parecia me evitar.
Alex não virara um só minuto, permaneceu do mesmo modo que deitou. Estranhei este repentino cansaço. Minutos antes ele estava eufórico.
Olhei o relógio quando minha barriga começou a roncar. Já passava de uma hora da tarde. Levantei e fui verificar o que havia de comida na mochila. Tinha vários lanches e frutas. Peguei uvas e comecei a mordiscar, só me rendi ao sanduíche quando minha barriga protestou de um jeito audível.
Fiquei realmente preocupada com Alex quando se completou duas horas de sono. Chacoalhei seus ombros até perceber que conseguira acordá-lo.
- Que foi, Bia? – ele resmungou.
- Faz tempo que você está dormindo. – respondi.
- E vou dormir mais.
Ele virou para o outro lado e tornou a dormir. Levantei o pano e comecei a puxar a beirada para o lado do rio. Demorou, mas consegui derrubar Alex dentro da água.
- O que foi isso? – ele gritou depois de emergir.
- Desculpe, mas estava entediada. – dei de ombros.
- E isso é motivo para quase me afogar? – ele continuava gritando.
Não consegui reprimir o riso. Aos poucos ele começou a rir também.
Alex nadou até a margem ao meu lado, depois se sentou e não se mexeu mais.
- O que foi? – perguntei, sentando-me do seu lado.
- Não sei, estou extremamente cansado. Parece que fiquei correndo por horas e agora o cansaço me vencesse.
- Depois de andar tanto até eu estou cansada.
- Vamos embora?
Assenti.
Trocamos de roupas e pegamos todo o equipamento que tínhamos levado. Na hora de enfrentar a trilha Alex reclamava enquanto eu guiava o caminho, havíamos invertido o papel.
Decidi dirigir quando vi Alex ofegando ao terminar a caminhada. Ele dormiu ao meu lado enquanto eu seguia as ordens do GPS para me levar à Alphaville.
Durante o caminho, Alex despertou de repente, me fazendo pular de susto. Ele olhou para todos os lados e depois começou a me encarar.
- Está tudo bem? – perguntei.
- Acho que sim. – ele parecia confuso.
- Não está mais cansado?
Ele somente negou com a cabeça.
Estacionei em frente a minha casa. Chamei Alex para entrar, mas ele disse que precisava ir para casa. Despedi-me com um beijo quando ele me agarrou.
- Você está estranho hoje! – falei empurrando-o.
- É melhor ir. – ele respondeu entrando no carro.
Ele deu ré e começou a sair com o carro. Fiquei parada, vendo-o ir. Não sabia se era minha imaginação, mas só conseguia pensar que algo muito errado acontecia com Alex.
Narração de Alex Bittencourt
Agradeci veementemente, enquanto dirigia, que as reações começassem somente quando Bia já estava indo embora.
Já iam completar um mês e meio que eu usava aquela droga maldita e conseguira driblar todas as suspeitas.
Decidi que precisava tirar um dia só com Bia. Primeiro porque ela estava deprimida, e segundo porque precisava distrair a mim mesmo. Mas para conseguir sair sem qualquer sintomas, tive de ingerir pela manhã. Torci para ela não ter percebido minha euforia.
Senti raiva de mim mesmo por ter passado a tarde toda dormindo, mas era inevitável o cansaço depois de tanta agitação e felicidade.
E enquanto dirigia já começava a sentir o desejo pela droga voltando. Resolvi que iria para casa e ficaria rodeando minha mãe, assim, poderia me distrair.
Não conseguia compreender porque virara um viciado com tanta facilidade. Pesquisei e descobri que o ecstasy costuma demorar a viciar. Sem dúvidas meu corpo era fraco.
Estacionei na garagem de casa. Reparei que o carro de meu pai não estava ali. Peguei todos os equipamentos que havia levado e entrei em casa.
Assustei-me ao ver as luzes todas apagadas. Acendi a da sala de estar e me deparei com o vazio. Larguei as coisas em cima do sofá quando avistei um papelzinho aberto na mesa de centro. Havia a caligrafia idêntica a minha no papel, o que significava que minha mãe é quem havia escrito.
“Renan e eu fomos comemorar nosso aniversário de casamento em um restaurante japonês. Não vamos demorar. A comida está na geladeira, é só esquentar no micro-ondas”.
“Ah! Nada de aproveitar de nossa ausência e levar Bia aí”.
“Amanda”.
Senti o desespero chegar até mim. Estava tudo perdido. Ficar sozinho em casa era a última coisa que queria naquela situação.
Decidi que iria jantar. Estava com uma fome assustadora e a comida poderia me ajudar um pouco. Corri para a cozinha, abri a geladeira e coloquei o prato feito no micro-ondas.
Enquanto esperava os minutos – que pareciam longos – da comida esquentar, peguei um pedaço de bolo na geladeira e comi um pedaço inteiro de uma só vez. Retirei o prato quente e comi em um tempo recorde.
Não me senti satisfeito, então peguei uma pizza guardada – com certeza de Renan – e comi todos os oito pedaços.
Entrei em um desespero muito maior quando percebi que estava estufado e o desejo ainda não passara.
Voltei para a sala e liguei a TV tentando me distrair. Tamborilei o dedo pelos canais, mas nada prendia minha atenção.
Comecei andar de um lado para o outro da sala, o coração já ficando disparado.
Resolvi dormir. Desliguei a televisão e corri para meu quarto. Tomei um banho rápido e me atirei na cama.
Virei de um lado para o outro sem conseguir dormir. Parecia que os comprimidos, que estavam na gaveta ao lado, me chamavam.
De repente a minha cabeça se desligou. Levantei e andei até a gaveta, peguei vários comprimidos de uma vez e ingeri. Atirei-me na cama, esperando o efeito clamo e maravilhoso me dominar. Ele veio aos poucos, fazendo eu me sentir nas nuvens.
A sensação era ótima e me fez ficar encarando o teto por horas.
Comentem o capítulo ali embaixo!
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