18- REAÇÃO INESPERADA
Passavam das onze da manhã quando levantei. Desci para o primeiro andar de pijama e cabelos despenteados. Carla se encontrava sentada na varanda dos fundos. Sentei ao seu lado e não falei nada.
- Está com fome? – Ela perguntou.
Apenas neguei com a cabeça. Estava sem qualquer coragem de olhar em seus olhos. Eu sabia que ela estava machucada pelo que falei na noite passada, mas mesmo assim era capaz de falar comigo com a maior doçura.
Isso me torturava ainda mais.
- Me perdoa? – perguntei, finalmente fitando seu rosto.
- Pelo quê?
- Por falar que você não é a minha mãe. Claro que você é. Mãe, só tenho você. E ainda sou burra o suficiente em te magoar.
Ela se aproximou de mim e me abraçou.
- Claro que perdoou. Mas você sabe que isso de só ter a mim não é verdade. Você tem seus amigos, seu pai, a Gabi, o Alex.
- Um por um sofrendo na mão daquela psicopata, por minha culpa.
- Por que você não viaja por uns tempos? Vai para Paris, Vancouver, sei lá, sai!
- Para quê? Para quando eu voltar encontrar tudo mundo nas mãos daquela maluca? Jamais me perdoarei se mais alguém se machucar por mim.
Ela não respondeu, apenas me abraçou mais.
- O que aconteceu ontem? – Carla perguntou depois de minutos em silêncio.
- Eu e Alex terminamos.
- Como é? – ela se afastou para encarar meu rosto – Por quê?
- Não quero falar disso. – respondi me levantando.
Voltei ao meu quarto para trocar de roupa. Vesti qualquer coisa que achei. Não sabia exatamente para onde ir, apenas entrei em meu carro.
Fiquei parada por um longo tempo dentro do carro. Não sabia para onde ir ou o que fazer. Parecia não existir lugar no mundo em que eu me encaixava.
Peguei o celular no bolso e comecei a ver todos os números da minha agenda. Passei por vários nomes que não me interessavam naquele momento, exceto o de Marcos. Seu nome me fez parar e ficar encarando a tela do celular. Demorou minutos até eu finalmente resolver ligara para ele. Enquanto ligava, fui andando até onde estava o meu carro.
- Bia? – sua voz saiu animada.
- Está ocupado? – perguntei com a voz monótona.
- Estou não, por quê?
- Está disposto a sair?
Pouco importava sua resposta, eu já estava na metade do caminho até a república.
- Claro!
Acelerei ao máximo o carro. Cheguei em apenas segundos. Toquei a campainha uma vez e Nanda atendeu.
- Ah! Oi Bia!
- Nossa! – Marcos falou atrás de Nanda – Acabei de desligar o celular e você já chegou? Estava rondando a casa?
Dei uma leve risada.
- Era você que havia ligado para ele? – Nanda perguntou.
- Qual é, Nanda? – Marcos disse – Vai começar a interrogar sua melhor amiga aí na porta?
- Tem razão. – ela respondeu – Bia, entre para ser interrogada! – sua voz saiu sarcástica, mas eu sabia que lá no fundo ela sentia ciúmes.
- Não vou entrar, Nanda, só vim roubar o Marcos um pouquinho.
- Ah! – foi só o que ela falou.
Não precisou chamar Marcos duas vezes. Ele passou por Fernanda apenas dando-lhe um beijo na testa e saiu em direção ao meu carro.
- Saio se você me deixar dirigir seu carro. – ele falou.
- Tudo bem. – respondi, atirando-lhe a chave.
Entramos no carro. Marcos ligou-o e olhou para mim.
- Realmente o híbrido não faz barulho.
- É porque você está parado. – respondi – Deixa chegar em uma subida que vai ouvir o ronco do motor. É tão repentinamente que levamos até susto.
- Uau! Nunca dirigi um BMW antes, muito menos um híbrido. Isso é demais! – Marcos parecia realmente abismado.
O carro começou a andar e logo ele estava abusando do meu velocímetro.
- Para onde vamos? – ele perguntou.
- Sinceramente, não sei.
- Acho que você precisa de um dia no shopping.
Olhei interrogativamente. Ninguém, além de Gabrielli, havia me dito para ir ao shopping. Se havia um lugar em que eu não parecia encaixar era este.
- Por que acha isso?
- Não sei. Mas você topa?
- Pode ser. – respondi rindo.
Virei meu rosto para a janela ao meu lado. A paisagem estava passando lenta, comparada com o que eu costumava ver.
Senti o celular em meu bolso começar a vibrar. O número estava restrito. Resolvi atender, embora já imaginasse quem era.
- Alô?
Bia? Precisamos conversar! – era a voz exasperada de Alex.
- Não temos nada a conversar.
Temos muito. Você precisa me ouvir. Não foi nada daquilo que...
- Pensei? Ah Alex, tente algo mais original!
Desliguei o celular e voltei a fitar o caminho ao meu lado.
Marcos entrou no estacionamento de um shopping, vagou atrás de uma vaga, até que encontrou e estacionou o carro. Dei uma ajeitada em meu cabelo e saí. Andei ao lado de Marcos até a entrada do shopping.
- Não está lotado! – ele falou – Que ótimo!
Entramos e fomos direto na área de lazer. Marcos se esbaldou em brinquedos que seriam para crianças, enquanto eu somente o assistia.
- Não vai se divertir? – ele perguntou, sentando-se ao meu lado.
Antes que eu pudesse responder ele pegou em minha mão e me arrastou para as lojas. Passamos por várias vitrines, mas nenhuma delas me prendeu a atenção.
- Qual é? Vai dizer que não curte fazer umas comprinhas?
- Curto. – respondi.
- Então vem! – ele me arrastou para dentro de uma loja de roupas.
Começamos a escolher algumas roupas que cairiam bem em mim. Entrei e saí dos provadores várias vezes. Marcos virou meu conselheiro de moda.
Saímos da loja cheios de sacolas. Na verdade, só Marcos é que estava cheio, eu apenas carregava uma.
- Alex te ligou. – ele falou, enquanto andávamos – Foi na hora em que você estava no provador.
- O que ele disse?
- Perguntou por que eu estava com seu celular e o que estávamos fazendo. Acho que ele ficou chateado.
- Ótimo!
Ele riu.
Fomos para uma praça de alimentação. Pedi somente uma Coca, enquanto ele pegava um imenso x-salada.
- Você não deveria terminar com o Alex. – Marcos falou em meio as mordidas.
- Por quê?
- Porque os usuários de ecstasy sempre fazem isso. Beijam, agarram e viram amigos de qualquer um.
- Como sabe disso?
- Meu irmão caçula usava essa droga.
- Como é? – sobressaltei.
- Meu irmão, Maurício, usou por muito tempo o ecstasy. Começou em baladas só para se divertir e logo virou um viciado. Também o colocamos em uma clínica de reabilitação, mas sabíamos que não seria algo tão rápido.
- O quer dizer com isso?
- Quero dizer que Alex não vai se curar com tanta rapidez, Bia, e durante o tratamento muitas recaídas irão acontecer.
- Então vão acontecer muito mais vezes?
- Vai sim. Ele vai se sentir um lixo quando acontecer e não ter você por perto será ainda pior para ele.
Passei a fitar o chão. Estava me sentindo uma completa idiota.
- E por que está me dizendo isso? Quero dizer, você está ajudando o Alex.
- Eu sei. O Alex é alguém muito importante para você, vê-lo desta maneira te faz sofre e a ultima coisa que quero é te ver sofrendo.
“Tentei obter benefício com a situação, mas estou vendo que você jamais será minha, Bia. Então seja de quem mereça você”.
- O Alex me merece?
- Qualquer um que te ame como ele te ama e é correspondido te merece.
- Não sei o que fazer. – admiti – Não sei como pedir desculpas. Sinto como se fosse dever dele.
- Mas é! Ele deveria fazer isto. Só que agora não é hora de deveres, certo?
Assenti.
- Então larga essa sacolas, sai correndo daqui, entre naquele carro e vai atrás do Alex. Dou meu jeito para ir embora com as compras. Você precisa dizer ao Alex que me abandonou aqui.
- Está falando sério? – perguntei rindo.
- Claro que estou. Vai!
Fiquei um tempo parada pensando no que ele me falava. Não parecia fazer sentido.
Neste instante meu celular tocou. Vi que o número era da casa de Alex. Pensei em ignorar a ligação, mas no fim atendi.
- Alô?
Bia? – a voz de Amanda me assustou.
- Amanda é você?
Sim, Bia. Preciso que você venha até aqui.
- Mas por quê?
Apenas venha!
Ela desligou. Olhei para Marcos e antes que eu falasse algo ele intrometeu:
- Vai embora daqui!
Desta vez não pensei, levantei daquela cadeira e atravessei todo o shopping em direção ao estacionamento. Entrei em meu BMW e disparei rumo à casa dos Bittencourt.
Durante o caminho fui pensando no que falaria. Não se passava nada pela minha cabeça.
Neste momento é que vi que Alex não era perfeito. Nunca fora. Por isso que os seus erros me machucavam tanto, pois sempre acreditara que não havia defeito dele.
Alex era perfeito somente para os meus olhos apaixonados. Talvez ele não fosse tão bonito. Aqueles cabelos claros, olhos escuros, pele branca, voz grave, corpo de músculos lisos e inteligência não fosse atraente para outra menina.
Essa ideia parecia tão absurda.
Estacionei em frente a casa. Meu coração saltava mais do que era possível. Amanda já me esperava na varanda.
- Aconteceu alguma coisa? – perguntei.
- Bia, o Alex está péssimo. Não sai daquele quarto por nada. Tenho medo dele voltar a se drogar.
- Preciso falar com ele. – declarei.
Entrei na casa e subi até o seu quarto. Tentei abri a porta, mas ela estava trancada. Bati duas vezes.
- Vai embora! – ele gritou.
- E a Bia. – respondi.
Foi o que bastou para ouvir as trancas serem abertas. Ele escancarou a porta, os olhos cheios de esperanças.
Entrei no quarto bagunçado. Ouvi-o fechar a porta atrás de mim.
- Bia, desculpe! Por favor! – ele se ajoelhou e agarrou as minhas pernas.
- Alex, levante-se e me explica exatamente como aconteceu. – falei com indiferença, mas na verdade estava toda mexida por dentro.
Ele se levantou e sentou na cama.
- Eu estava esperando você chegar quando o carro da Suzana encostou-se ao jardim. Minha mãe atendeu a porta e indicou a ela o meu quarto. Ela subiu. Ficamos conversando normalmente, até que ela tocou no assunto da droga. Senti-me tão envergonhado.
“Lembrar da droga me fez lembrar da sensação dela, foi aí que comecei a ficar alterado. Suzana se levantou. Ela se encostou à parede e começou a olhar de um jeito estranho. Eu já estava excitado, aí ela faz isso...”.
Ele colocou o rosto envergonhado entre as mãos.
- Entendo o que aconteceu, só não queria aceitar. – falei sentando ao seu lado.
- Entende?
- Claro. – toquei seu rosto – Isso irá acontecer várias vezes, temos que nos acostumar.
- Espero que da próxima aconteça com você. – ele falou, me jogado de costas na cama.
- Vou ficar te rondando então. – respondi.
Depois de um dia brigados nossos lábios finalmente se tocaram. Apertei meu corpo contra o seu e desejei que ele jamais me soltasse, mas sabia que isso ia acontecer.
Ele se afastou e ligou o aparelho de som ao nosso lado.
- Por que fez isso? – perguntei.
- Para abafar o som da nossa conversa. Tenho certeza que minha mãe está ouvindo.
Reconheci a música no mesmo instante. Era Broken Strings de James Morrison e Nelly Furtado. Eu amava essa música.
Alex ficou de pé em frente ao som. Tirou a camisa, o que me fez levar um susto.
- Estou soando. – ele respondeu a minha pergunta muda.
Peguei em sua mão próxima a mim e o puxei para cima da cama. Vi seu sorriso tomar um tom de malícia.
- Acho que isto é seu. – ele falou, colocando a mão no bolso da calça.
Era meu anel de noivado. O anel de prata rodeado por minúsculas pedras de rubi. Peguei-o e devolvi ao meu dedo.
- Tem ideia do quanto medo fiquei de te perder para sempre? Principalmente depois que vi essa aliança jogada.
- Só estava com raiva.
- Seria muita cara de pau se eu perguntasse por que você beijou o Marcos?
Empurrei-o de cima de mim, ele caiu ao meu lado e quem ficou em cima desta vez fui eu.
- Não sei. Estava tão frágil, tão machucada que acho que meu subconsciente achou que poderia aliviar a dor.
- Aliviou?
- Claro que não. – falei beijando seus lábios.
Ele me empurrou e voltou a ficar em cima de mim.
- E por que saiu com o Marcos hoje?
- Sairia com qualquer um que pudesse me reconfortar. Acho que se Marcos não pudesse eu ligaria para o Rodrigo.
- Te deixei tão mal assim? – ele suspirou.
- Não foi culpa sua. – puxei sua nuca para que pudesse beijá-lo novamente.
Alex respondeu ao meu desejo. Senti seus lábios tocarem os meus vagarosa-mente. Apertei seu rosto contra o meu e senti que sua boca se abrira em um sorriso.
A música no aparelho terminou e voltou a tocar. Aquela música, sem dúvidas, melhorava o clima.
- Tenho medo de te perder. – ele falou com a boca em meu ouvido.
Estremeci em seus braços.
- Nunca vai me perder. – sussurrei enquanto bagunçava o seu cabelo.
Senti que suas mãos começaram a subir e descer em minha cintura. Sua boca começou a deslizar para o meu pescoço.
- Te amo. – Alex falou enquanto afastava a boca do meu pescoço para voltar ao meu rosto.
Eu já estava preparada para ele interromper o momento, mas comecei a acreditar que isso não aconteceria.
- Também te amo. – respondi enquanto apertava minhas mãos em seu peito.
Percebi que sua mão começara a deslizar para dentro de minha camiseta. Seria normal, se ele não começasse a levantá-la. Estava pronta para protestar quando ele de repente a tirou.
- O que está fazendo? – perguntei, afastando-o.
- Te amo e o medo de te perder me fez mudar muitas coisas. – ele respondeu.
Alex estava com minha camiseta na mão. Pensei que devolveria, mas ele a jogou ao lado da cama.
- E a promessa que você fez a sua mãe? A da pulseira?
Ele levantou o braço e começou fitar a pulseira de abstinência que ganhara de Amanda. Levei um susto quando ele a pegou e a cortou com os dentes, depois vi a pulseira bater em um canto do quarto e cair.
Fitei seu rosto com um certo sobressalto.
- Te amo mais do que a qualquer promessa.
Vi quando ele voltou para mim. Senti seu corpo tocar o meu novamente, fazendo-me estremecer. Cruzei as pernas na sua. Alex começou a procurar os botões do meu short jeans para desabotoá-los.
Afundei em profundo prazer, enquanto ele me fazia sentir a maior felicidade que um dia imaginara sentir.
Acordei para uma luz que vinha de um ângulo estranho do meu quarto. Normalmente a luz do sol vinha na direção direita à minha cama, aquela estava do lado esquerdo.
Logo notei que não estava em meu quarto. Não era as paredes rosadas, os móveis brancos e cortinas azuis; aquele era um quarto de paredes azuis escuras, os móveis eram marrom e as cortinas também azuis escuras.
Aquele era o quarto de Alex.
Olhei para o meu lado e me deparei com Alex me fitando. Apenas um cobertor cobria sua cintura para baixo.
Eu estava coberta inteira pelo cobertor. Minha cabeça se apoiava em seu peito nu.
- Realmente fizemos isso? – perguntei, levantando meus olhos para encontrar os seus.
- Ainda não sei. – ele respondeu sorrindo.
Não falei mais nada, apenas envolvi meus braços ao redor de seu corpo enquanto ele acariciava meu rosto.
- Nunca achei que seria capaz de te amar mais do que já te amava, mas depois desta noite... – Alex falou.
- Também te amo. – falei, me esticando para tocar seus lábios.
Pela primeira vez seu beijo foi calmo e pude sentir o desejo dele emanando.
- É melhor eu ir embora. – falei já preocupada com a hora.
- Ah, não vai, não!
Alex me agarrou e me jogou de volta na cama. Seus lábios tocaram meu pescoço, me provocando novos arrepios. Desta vez não achei nada daquilo estranho, na verdade esperava.
Desta vez adormeci por apenas trinta minutos. Alex outra vez me fitava, o sorriso torto nos lábios.
Olhei para a luz que vinha da janela e levantei de súbito quando vi que ela estava em um ângulo estranho.
- Está tarde. – falei.
- Na verdade, está cedo.
Realmente, o relógio marcava seis horas da manhã.
Levantei apressada. Peguei minhas roupas caídas ao lado da cama e me vesti correndo. Alex me acompanhou até o primeiro andar. Tivemos de andar devagar e na ponta dos pés para não acordar Renan e Amanda que ainda dormiam.
Meu carro permanecia onde eu o havia deixado. Virei para dar um último beijo em Alex e entrei no carro.
Avistei meu celular no banco do carona. Decidi verificar se alguém havia me ligado. Encontrei apenas trinta chamadas perdidas de Carla.
Sabia que levaria uma bronca quando chegasse em casa. Mas e daí? Eu estava feliz.
Liguei o carro e saí, vendo Alex me observar da varanda de sua casa.
O relógio no painel ainda marcava seis horas, o que significava que Carla estava preste a acordar. Acelerei mais, tentando chegar antes de vê-la já desperta.
Larguei o carro no jardim mesmo. Ajeitei meus cabelos e minhas roupas, na esperança de parecer normal. Desci do carro sem bater a porta e comecei a andar sorrateira pelo gramado. Estava pronta para abrir a porta quando a voz de Roberto me fez pular.
- Onde você estava?
Minha espinha se congelou naquele momento. Imaginei se Roberto contaria para minha mãe a hora em que eu chegara. Imaginar a cara com que ela ficaria era pior do que imaginar Gisele Stoff me ameaçando.
- Meu carro quebrou quando eu voltava do shopping, então tive de passar a noite na casa da Nanda. – foi o máximo que meu cérebro assustado conseguiu maquinar.
- Você veio do sentido contrário.
Mentalmente, eu estrangulava Roberto.
- Longa história. Vou dormir e depois que acordar te conto. – menti outra vez.
- Ou seja, depois que você conseguir bolar uma mentira decente para encobrir o fato de você ter passado a noite na casa de Alex.
Mudei de assunto.
- E o que o senhor estava fazendo rondando a minha casa enquanto eu não estava aqui?
- Não me contorna!
- Estou de olhou em vocês!
Aproveitei a situação constrangedora que deixei e entrei em casa. Estava tudo apagado e silencioso. Subi para o meu quarto decidida a tomar um excelente banho que não tive tempo de tomar na casa de Alex.
Após o banho escolhi um básico vestidinho para vestir e desci para o primeiro andar a fim de tomar café da manhã.
Carla se encontrava acordada. Ainda vestia o roupão e os cabelos estavam despenteados.
- A que horas você chegou? – ela perguntou aos berros.
Depende da hora em que você foi dormir, pensei.
- Não sei exatamente, quando cheguei já te encontrei dormindo.
- E onde estava?
- Na casa da Nanda. O Marcos estava comigo quando o carro quebrou, então nós fomos para lá.
- Por que não atendeu aos meus telefonemas?
- Porque esqueci o celular dentro do carro. – essa não era mentira.
- Por que está mentindo para mim? Liguei para a casa da Fernanda várias vezes ontem e ela me disse que você deixara Marcos no shopping à tarde e fora na casa de Alex.
Nossa! Por essa eu realmente não esperava! A fofoqueira da Nanda me entregara.
- Porque eu precisava de um tempo para pensar depois de ter voltado com o Alex. Você não entende o quanto minha cabeça está confusa?
- Está dizendo a verdade?
Minha consciência protestou mais do que nunca. Diria a verdade ou não? Talvez a dor de uma bronca fosse melhor do que a de enganar sua própria mãe.
De repente o lado sombrio de minha mente resolveu protestar. Primeiro, ela não era minha mãe; segundo, ela passara 18 anos de minha vida mentindo para mim, sua filha, então estaríamos quites se eu mentisse.
- Claro! – respondi, pegando um biscoito e mordiscando.
Percebi que seus olhos continuaram zangados, mas um brilho de confiança apareceu lá no fundo.
À tarde decidi faltar do trabalho para poder passar o tempo que me restara com Alex. Ele voltaria à noite para a clínica.
Estacionei em frente à casa dos Bittencourt e notei um Porsche Carrera GT, prata, parado ali. Desci do carro e entrei na porta já aberta da sala de estar. Encontrei Paulo Ricardo sentado na sala junto à Amanda, Renan e Alex.
Tentei pensar no que ele fazia ali. Não havia razões para meu pai visitar os Bittencourt. Na verdade, eu tinha medo dessa visita, afinal, as últimas não foram muito agradáveis.
Mas, do contrário das outras vezes que ele viera, todos estavam conversando e com uma xícara de café na mão.
- Ah! Oi Bia. – Paulo falou.
- O que está fazendo aqui? – não consegui disfarçar o interesse.
- Vim dar uma boa notícia a todos.
- É Bia. – Amanda começou a falar – Sente-se aqui. Você vai adorar a notícia de seu pai.
Sentei ao lado de Alex no sofá.
- Alex não precisa mais voltar à clínica de reabilitação. – Paulo declarou, abrindo um imenso sorriso.
- Como é? – perguntei – Mas ele ainda não se recuperou.
- Contratei uma ótima enfermeira para cuidar do tratamento dele aqui mesmo. Ela chega de manhã e vai embora à noite. Só não podemos deixá-lo sozinho enquanto ela não estiver aqui.
- Não sou mais criança. – Alex falou.
Toquei o rosto de Alex para levantá-lo.
- Claro que é!
Todos realmente ficaram felizes com a notícia.
Comentem o capítulo ali embaixo!
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